As pessoas altamente sensíveis são mais vulneráveis à doenças?
Sob determinadas condições, as pessoas altamente sensíveis podem ser particularmente vulneráveis à doenças, principalmente aquelas relacionadas ao estresse.
Esta é uma pergunta que me fazem com frequência e confesso que não é nada fácil de responder. Primeiro que tudo é preciso deixar claro que a alta sensibilidade não é uma doença, embora seja verdade que, sob determinadas condições, as pessoas altamente sensíveis podem ser particularmente vulneráveis à doenças, principalmente aquelas relacionadas ao estresse.
Quando uma PAS não desenvolve estratégias para lidar com a hiper-reatividade do seu sistema nervoso, ela passa a viver sob uma tensão constante. A sobrecarga sensorial leva ao estresse e aumenta a produção de cortisol e adrenalina, dois hormônios associados ao estresse. Quando o estresse se torna crônico, a presença constante desses hormônios no sangue mantém o corpo em estado de alerta permanente, afetando o sistema imunológico que se torna menos eficiente. Os altos níveis de cortisol na corrente sanguínea acabam desencadeando alterações como: aumento da frequência cardíaca, do nível de açúcar no sangue, diminuição da produção de insulina e constrição dos vasos sanguíneos. Essas alterações podem causar problemas como obesidade, diabetes, hipertensão, infarto, alteração do sono, queda de cabelo, dores musculares, imunossupressão, entre outros. Portanto, uma pessoa altamente sensível que vive constantemente superativada é também mais suscetível a doenças.
Por que isto acontece?
Como falei acima, as PAS têm um sistema nervoso altamente excitável e hiper-responsivo, que capta mais informação do ambiente e processa todos os estímulos de maneira muito profunda. Por conta disso, tendemos a nos sentir desgastados e exauridos, mesmo pelas atividades comuns da vida cotidiana. Não porque sejamos mais fracos do que as demais pessoas, mas porque nosso cérebro e nosso corpo trabalham muito mais para conseguir dar conta de todos estes estímulos que captamos ao longo de um dia.
É por isso que os altamente sensíveis precisam tanto de descanso e tempo de inatividade para se recuperar do estresse cotidiano. Quando uma PAS negligencia esta necessidade no esforço de seguir o mesmo ritmo das pessoas com sensibilidade mediana – trabalhando em demasia, dormindo pouco ou envolvendo-se com excesso de estímulos e interação social, por exemplo – essa sobrecarga abre a porta para diversos problemas de saúde.
Nestas condições, as PAS apresentam uma propensão a desenvolver doenças autoimunes, como fadiga crônica/fadiga adrenal, fibromialgia, doença celíaca, artrite reumatoide, lúpus, entre outras. Outro ponto no qual os altamente sensíveis apresentam uma maior vulnerabilidade são os problemas de saúde mental, tais como depressão, ansiedade, distúrbios de pânico, “burnout” etc.
As alergias são outro tipo de distúrbio de saúde frequente entre as PAS. Uma alergia é uma reação exagerada e patológica do corpo. O sistema imunológico não é mais capaz de diferenciar entre substâncias nocivas e inofensivas. E, de repente, passa a se defender de intrusos inofensivos, como pólen, nozes, ovos etc. É bastante comum uma PAS apresentar algum tipo de alergia, seja em relação a alimentos ou substâncias químicas, como as encontradas em produtos de limpeza ou de higiene pessoal.
Estratégias de Saúde para as PAS
E como você pode evitar esses problemas? Ah! Esta é a pergunta de um milhão de dólares, não é? O problema é que a resposta passa por um desafio que nem todos estão dispostos a superar: mudança de estilo de vida. Para ser mais saudável e produtivo(a), como PAS, você precisa estar disposto(a) a cuidar bem de si mesmo(a), independente do que as demais pessoas possam pensar. E este é um compromisso que só você sabe se está pronto(a) para assumir. Como uma pessoa altamente sensível, e como coach especializada em trabalhar com PAS, aqui vão as minhas recomendações para lidarmos com estes desafios e mantermos nossa saúde.
#1. Preste atenção aos sinais do seu corpo
Seu corpo está sempre se comunicando com você sobre suas necessidades. Talvez você esteja ficando gripado(a) com frequência ou pareça estar sofrendo muito com lesões e dores musculares sem entender o porquê. Ou pode ser que tenham aparecido alergias repentinas ou que você esteja lutando para dormir bem e sinta muita dificuldade em levantar-se pela manhã.
#2.Preste muita atenção a estes sinais.
#3. Esteja atento(a) à sua dieta
Não estou falando de seguir modismos ou dietas alimentares restritivas. Nem estou dizendo que apenas as PAS devem estar atentas à sua alimentação. Mas, o fato é que seguir uma dieta saudável baseada em vegetais, alimentos frescos e integrais, com poucos – ou nenhum – aditivos químicos tem um impacto muito mais forte em alguém que possui um corpo tão mais sensível. Esta simples mudança pode fazer uma diferença notável no seu nível de energia e em como você consegue lidar com aqueles dias hiperestimulantes. Além disso, reduzir ou eliminar a cafeína e o álcool e outros estimulantes agressivos, também é uma grande recomendação para as PAS. Estas substâncias continuam lhe afetando muito depois que você pensa que já estão fora do seu sistema e podem se conectar a problemas de humor ou ansiedade de maneiras que você não suspeita
#4. Desintoxique seu espaço de vida
Como uma PAS, você talvez perceba que perceba que seu sistema sensível reage a produtos químicos sintéticos, como os encontrados em perfumes, produtos de higiene pessoal e de limpeza. Dê uma olhada em sua casa. Existem itens que poderiam ser substituídos por alternativas naturais? Preste particular atenção a qualquer coisa que você coloca diariamente no corpo, como loção, sabão, xampu e maquiagem. Problemas como alergias de pele, rinites, asma e outros podem melhorar significativamente, ou até desaparecer da sua vida, com a eliminação de algumas destas substâncias.
#5. Adote uma prática meditativa
Como as PAS são facilmente hiper estimuladas e propensas a níveis mais altos de ansiedade, estresse e depressão, é importante que tirem um tempo diário para práticas de cura restauradoras. Você pode usar este momento de autocuidado para refletir, orar, meditar, escrever ou apenas respirar profundamente conscientemente. Pode ser até mesmo uma atividade de lazer que lhe permita manter-se em estado de fluxo. Considere esta atividade ainda mais positiva se puder fazê-la em meio à natureza. O contato com a natureza é especialmente calmante para nosso sistema nervoso altamente sensível.
#6. Pratique algum tipo de movimento consciente
Durante a atividade física, o corpo naturalmente produz mais serotonina e endorfina, neurotransmissores relacionados à sensação de bem-estar que ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade. Você ainda terá um benefício extra se optar por práticas holísticas – como chi kung, tai chi, yoga, etc – que combinam movimentos suaves com intenção consciente. Elas são ótimas para acalmar o sistema nervoso simpático, que tende a ser superativado nas PAS, mantendo-nos num estado constante de luta ou fuga. Mesmo as artes marciais, que são aparentemente hiperestimulantes, podem ser interessantes pelo seu foco na atenção plena.
Como pessoas altamente sensíveis nossa sensibilidade é nossa força. Deveríamos celebrar essa capacidade de captar as minúcias que a maioria das pessoas sente falta ao longo do dia, os meandros ocultos que observamos e os sentimentos intensos que percebemos. Essas faculdades intuitivas, sensoriais e empáticas são dons inestimáveis e merecem os devidos cuidados. Criar um estilo de vida consciente que promova a saúde e o bem-estar é uma ferramenta poderosa e necessária para pessoas altamente sensíveis. Isso não apenas ajudará você a gerenciar (e até evitar) seus desafios de saúde recorrentes como a transformar sua sensibilidade em uma fonte de força e de alegria.
Espero que estas ideias lhe sejam úteis e que lhe ajudem a desfrutar da sua sensibilidade.
Um beijo grande e até o próximo mês,
Outros Textos da Autora
Oi, meu nome é Rosalira Oliveira e eu sou a criadora deste site e do Programa Ame Sua Sensibilidade. Meu objetivo é ajudar pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar esta característica, reconhecendo-a como um dom, tanto para elas mesmas quanto para as pessoas com as quais convivem. Por quê? Porque conheço bem a sensação de viver se sentindo diferente das demais pessoas, tendo a nítida impressão de que existe algo errado com você. Essa foi, por muito tempo, a minha história.