Ai, meu Deus, todos estão olhando para mim! Altamente sensível e a opinião alheia
A preocupação constante com a opinião alheia parece ser algo quase universal entre as pessoas com alta sensibilidade. Como amenizar esse padrão?
Ahá, por esta você não esperava, não é? Talvez acreditasse que apenas você se sentia tão preocupado(a) com a opinião alheia. Mas, infelizmente, a verdade é que este sentimento de que todos estão nos olhando e nos julgando parece ser algo quase universal entre as pessoas com alta sensibilidade.
Costumo brincar com meus clientes de coaching dizendo que a maioria das PAS tem uma espécie de “complexo de popstar”. Andamos por aí convictos de que o mundo está nos observando. Porém, ao contrário do que parece acontecer aos verdadeiros popstars, este sentimento não nos produz nenhum prazer, mas sim a sensação de estarmos expostos e de que seremos criticados e ridicularizados se cometermos um erro por menor que este seja. Este sentimento produz um desconforto que em alguns casos pode chegar a ser paralisante e nos impedir de tentar experiencias novas e desfrutar plenamente a nossa vida.
Creio que não preciso dizer que, na maior parte dos casos, trata-se não da realidade dos fatos, mas de uma percepção distorcida de nossa parte. De modo geral as pessoas com quem nos relacionamos socialmente estão imersas nas próprias preocupações e não vigiando atentamente os nossos passos. Apesar disso, para muitos de nós esta sensação de estar sob escrutínio dos demais é uma experiência real que nos aporta um profundo sentimento de insegurança que pode nos acompanhar pelo resto da vida, embora possa ser superado através de um trabalho de crescimento e desenvolvimento pessoal. A questão, portanto, não é definir se esta é ou não uma percepção verdadeira, mas entender porque nos sentimos assim e o que podemos fazer para nos livrarmos deste sentimento.
Muito bem, e porque nos sentimos assim?
A maioria das pessoas altamente sensíveis costuma estar muito enfocada no mundo que a rodeia. Suas “antenas sensoriais” estão o tempo inteiro escaneando o seu entorno e seus sentidos registrando, mesmo que de maneira inconsciente, os mínimos detalhes do ambiente: cheiros, sons, cores, etc., Ao mesmo tempo em que estamos captando tudo, também vamos estabelecendo julgamentos: bonito, feio, agradável, bom, ruim, tranquilo, assustador, etc.. E estes julgamentos afetam o nosso humor. Por conta disso podemos começar a nos sentir tristes ou ansiosos sem ter muita clareza da razão de nos sentirmos dessa maneira.
Esta abertura para o mundo externo é parte constitutiva do traço da alta sensibilidade e como tal não se encontra sob o nosso controle. Porém, o ponto importante aqui é que quando estamos enfocados demais no meio ambiente não estamos plenamente em nós mesmos. Não estamos, por assim dizer, “em casa” na nossa própria pele. É como se uma parte da nossa consciência não estivesse dentro de nós, mas sim nos observando “de fora”, através dos olhos dos outros, julgando e avaliando nossa performance.
A dra. Elaine Aron se refere a este fenômeno de projetarmos nosso próprio autojulgamento nas outras pessoas através da expressão “plateia interior”. Quando não temos consciência desse mecanismo de projeção da nossa própria crítica interna podemos passar a vida com esta (dolorosa) sensação de estarmos sendo observados e julgados o tempo inteiro. Mais ainda, se considerarmos que a maioria das PAS é tremendamente autocrítica e perfeccionista, não será de estranhar este julgamento que fazemos através dos olhos dos outros tenda a ser não apenas exageradamente severo, como frequentemente injusto.
Uma possível consequência desta projeção é que passamos a sentir muito medo do julgamento alheio e, portanto, nos esforçamos constantemente para agradar aos demais. É típico de muitas PAS (tanto homens quanto mulheres) deixar de fazer ou de dizer algo por medo de desagradar a alguém. Muitas vezes ignoram sua própria maneira de pensar ou sentir e tentam se amoldar àquilo que acreditam que a outra pessoa espera delas. Este comportamento, é necessário dizê-lo, implica numa negação do nosso próprio ser, uma traição àquilo que nos faz autênticos. Não nos comportamos como verdadeiramente somos, mas de acordo com uma ideia pré-fabricada de como achamos que as outras pessoas esperam que sejamos.
Uma das razões que nos levam a atuar desta maneira é o medo da rejeição e do abandono e a crença (falsa) de que aquilo que somos não é o suficiente e que precisamos “comprar” a aprovação alheia. Grande parte de nós cresceu ouvindo a recomendação para que mudássemos nossa maneira de ser, a fim de nos tornarmos “mais fortes”, “mais sociáveis”, “menos tímidos”, etc. A mensagem implícita nesses conselhos é que algo em nós estava errado e precisava ser melhorado. Não é de admirar que tenhamos aprendido a nos “disfarçar” para sermos aceitos. Só que esta “solução” traz consigo mais tensão e insegurança, causada pelo medo de sermos “descobertos” e que os outros não nos aceitem como somos.
E como sair desse ciclo vicioso?
Como sempre, temos que recordar que cada um de nós é um indivíduo único e que, portanto, as alternativas de mudança serão também diferentes para cada um de nós. Mesmo assim é possível pensar em algumas atitudes que nos ajudam a lidar com esta sensação de estarmos “em exposição” e a recuperar nossa espontaneidade e autenticidade.
Uma das primeiras coisas a destacar é que somos particularmente vulneráveis aos julgamentos alheios quando estes se alinham com aqueles do nosso próprio crítico interior. Chamamos crítico interior ao padrão automático de pensamento que todos possuímos e cuja voz está constantemente nos julgando e declarando a nossa insuficiência em relação a padrões irrealistas de atuação e desempenho. O crítico interior é um sabotador universal, presente na psique de todas as pessoas, sejam elas PAS ou não. O que ocorre é que, de modo geral, não estamos conscientes da atuação do nosso crítico e, por isso tendemos a incorporar as suas críticas e a projetá-las nas outras pessoas. Por isso, uma das principais mudanças que você pode fazer para ser menos dependente da opinião alheia é trazer a voz do seu crítico interior à luz da consciência.
- Como primeiro passo anote os seus pensamentos de autocrítica. Depois, questione-os. Para fazer isso:
- Pergunte-se: Este pensamento é verdadeiro ou se trata apenas da repetição de algo que ouvi de outra pessoa? Preste particular atenção aos pensamentos expressos em termos de distorções cognitivas do tipo: “Eu nunca faço as coisas direito” ou “Eu sempre estrago tudo”. E se pergunte: Nunca? Sempre?
- Desafie o pensamento autocrítico encontrando exemplosque o desmentem. Por exemplo, as situações em que você fez as coisas muito bem-feitas e não estragou nada.
- Elabore uma frase positiva que afirme os seus talentos e use-a sempre que se flagrar repetindo mentalmente os pensamentos de autocrítica e autodepreciação.
- Recorde um episódio no qual você se sentiu desconfortável por achar que estava sendo julgado(a). E procure entender o que lhe acontece nestes momentos: O você estava pensando? De que maneira seus pensamentos contribuíram para aumentar o seu nervosismo e desconforto? Para onde estavam dirigidas as suas antenas? Analise e descubra que estratégias você pode utilizar para voltar para si mesmo e com-centrarse (estar com o seu centro) em ocasiões como esta.
- Aprenda a manejar o excesso de informação sensorial: Este é um aprendizado vital para as PAS. Embora você não possa deixar de notar tudo o que se passa ao seu redor, pode aprender a filtrar a informação que é relevante a cada momento, utilizando por exemplo técnicas de respiração e/ou de visualização.
- Aprenda a aceitar o erro e se perdoar. A chave para isso é distinguir quem você é daquilo que você faz e dos resultados que obtém. Você não é o seu trabalho, seu casamento ou seu saldo bancário. E o fato de cometer um erro não lhe torna uma pessoa “errada” ou “fracassada”, mas apenas um ser humano como os demais (sim, PAS eu sei que esta é uma ideia estranha e difícil de aceitar, mas como se diz por aí “aceita que dói menos”).
- Por fim, algo um tanto obvio, mas que por vezes esquecemos. Perceba que a maioria das pessoas não está interessada em seus sucessos ou seus fracassos. Simplesmente porque está mais preocupada com a própria vida. E aqueles que sim estão à espreita a espera que você (ou qualquer outra pessoa cometa um erro para poder criticar) estão, na maioria das vezes apenas buscando uma maneira, certamente equivocada, de lidar com o próprio sentimento de inferioridade. Ou seja, não é nada em relação a você, mas sim em relação a elas mesmas e sendo assim não há nada que você possa fazer a respeito, a não ser ter cuidado para que você mesmo(a) não caia nessa atitude!
Bem, estas são algumas das maneiras pelas quais você pode libertar-se da tirania da opinião alheia. Experimente-as ou descubra outras mais afinadas com você e seus valores. O importante é recuperar o seu prazer de expressar-se de forma autêntica e confiante.
Beijos e bênçãos e até o próximo artigo,
Rosalira dos Santos
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Oi, meu nome é Rosalira Oliveira e eu sou a criadora deste site e do Programa Ame Sua Sensibilidade. Meu objetivo é ajudar pessoas altamente sensíveis a compreender e integrar esta característica, reconhecendo-a como um dom, tanto para elas mesmas quanto para as pessoas com as quais convivem. Por quê? Porque conheço bem a sensação de viver se sentindo diferente das demais pessoas, tendo a nítida impressão de que existe algo errado com você. Essa foi, por muito tempo, a minha história.