Equilíbrio vital: uma necessidade (e um anseio) para uma pessoa altamente sensível #02

A maioria das PAS têm a sensação de viver numa verdadeira montanha russa – emocional, energética, física, etc., o que as faz ansiar por equilíbrio. Por que tal equilíbrio é importante e como construí-lo?

Por: Rosalira dos Santos

Equilíbrio
Esta é a segunda parte deste artigo, CLIQUE AQUI para ler a parte I

Na primeira parte deste artigo eu falei sobre o que entendo por equilíbrio vital e lembrei que se trata de algo dinâmico. Falei também sobre a importância e o desafio que significa para as PAS encontrar este ponto de equilíbrio.  De fato, trabalhar para atingir o equilíbrio vital não é exatamente fácil.  É um trabalho na plena acepção do termo e requer vontade, constância e algum esforço, até que os novos comportamentos se tornem hábitos.

E embora seja um pouco mais difícil para nós, pelas razões que falamos no artigo anterior (e outras mais), é ainda mais necessário para nós também.  Pronto(a) para começar?

O que fazer e por onde começar?

Prefiro responder a esta questão da mesma maneira que abordo o trabalho junto aos meus clientes de coachingcomece pelo corpo, ele é o seu melhor guia. Aprenda a ouvir e respeitar as necessidades do seu corpo, ao invés de constantemente forçá-lo a ir além dos seus limites em nome de um modelo ideal (de produtividade, resistência, ou, seja lá do que for).   Ouça o seu corpo e organize-se para atender as suas necessidades. Depois preste atenção à sua mente e suas emoções e perceba como elas impactam na sua saúde e no seu bem-estar. Como a neurociência tem apontado, somos um complexo corpo-mente.Dessa maneira, suas emoções e pensamentos se traduzem em estímulos que desencadeiam respostas específicas no seu sistema nervoso. Como explica a dra. Candace Pert:

“Moléculas de emoção percorrem todos os sistemas do nosso corpo e este sistema de comunicação é uma demonstração da inteligência do corpo-mente, uma inteligência inteligente o suficiente para buscar o bem-estar e que pode, potencialmente, nos manter saudáveis ​​e livres de doenças…”. (Moléculas da Emoção, Scribner, Nova Iorque, 1997. p. 19).

Assim, eu gostaria de lhe apresentar algumas sugestões de atividades e comportamentos que podem ajudar na busca desse precioso equilíbrio.

  • Cuide da sua alimentação

Escolha uma dieta anti-inflamatória, composta principalmente por frutas e vegetais, peixes gordurosos, carnes magras e óleos saudáveis. Prefira alimentos quentes, úmidos e nutritivos. Alimentos frios e secos, funcionam como um estímulo violento que agride o seu sistema digestivo. Uma alimentação saudável e nutritiva pode fazer uma grande diferença no seu bem-estar físico e emocional, uma vez que a alimentação se encontra intimamente relacionada com o aumento ou decréscimo de determinados hormônios que influenciam os nossos estados de ânimo (como, por exemplo, o cortisol relacionado ao estresse).

  • Inclua o exercício físico na sua rotina

O exercício constitui outra das ferramentas indispensáveis para a gestão do traço da alta sensibilidade. O movimento ajuda a reduzir a tensão acumulada no corpo, através da liberação de endorfinas – neurotransmissores cerebrais que transmitem sinais elétricos para o sistema nervoso – que produzem uma sensação positiva de bem-estar. As endorfinas são diminuídas pelo estresse e impulsionadas pela atividade física.

  1. Atenção! cuidado, muita calma nessa hora

Como PAS você provavelmente terá menos energia para os exercícios do que os seus colegas não PAS, uma vez que captar e processar tantos estímulos (10 x mais que a média das pessoas, lembra-se?), consome muita energia. Assim sendo, dimensione com muito cuidado a frequência e a intensidade da sua atividade física: o objetivo aqui é energiza-lo(a) e não deixa-lo(a) mais cansado(a).

  • Faça do sono uma prioridade

Pessoas altamente sensíveis tendem a caminhar em um estado de hipervigilância. Dormir o suficiente acalma nossos sentidos hiperalertas e ajuda-nos a processar a quantidade enorme de estímulos absorvida ao longo do dia. A quantidade e a qualidade do seu sono podem fazer a diferença entre ser ou não ser capaz de lidar com as circunstâncias estressoras do dia-a-dia. Sem sono adequado todo pequeno estressor parece (e é) dez vezes pior.

  • Aprenda a relaxar sua mente

Um hobby jardinagem ou algum tipo de trabalho manual são atividades que nos ajudam a desconectar do mundo exterior com seu excesso de estímulos. Atividades artísticas como pintar, escrever ou tocar um instrumento, constituem um verdadeiro bálsamo para a alma (e uma necessidade para as PAS), ajudando-nos a nos reconectarmos com nosso eu interior. Não precisa ser uma “obra de arte”. É o processo de autoexpressão que importa.Equilíbrio

  • Pratique algum tipo de meditação

Esvaziar a mente é uma necessidade vital para a maioria das PAS. O motivo é claro: com um mundo interior tão rico aliado à capacidade de absorver tantas informações, nossa mente vive num estado constante de atividade. Existem muitas práticas de meditação disponíveis, envolvendo ou não uma religião específica. Cabe à cada pessoa encontrar àquela que melhor se adapta à sua personalidade e estilo de vida. Minha recomendação é que você procure praticar algum tipo de meditação de consciência pura, que não envolva nenhum tipo de atividade física, concentração ou esforço.

  • Conheça o poder da aceitação

A aceitação e autoaceitação são chaves poderosas para encontrarmos nosso equilíbrio vital. Na verdade, sem a aceitação nenhuma das práticas anteriores nos levará a este ponto. Nós PAS temos uma forte tendência ao perfeccionismo e ao criticismo. Seja em relação a nós mesmos, seja em relação aos demais, podemos desenvolver uma perspectiva que nos leva a viver em um eterno estado de insatisfação e frustração.  Desenvolvemos expectativas irrealistas e vivemos infelizes porque elas não se concretizam. Agindo assim criamos uma resistência que se manifesta na forma de raiva, sensação de impotência, desvalor, mágoa, inconformismo, vitimismo e outras emoções que nos levam para bem longe do desejado equilíbrio.  A aceitação nos libera desse circuito, permitindo-nos direcionar nossa energia para criar as mudanças que desejamos. Aceitar não é conformar-se. Aceitar é reconhecer a imperfeição (da vida, das pessoas, dos relacionamentos, etc.) e perceber nosso poder de escolha diante de cada situação que a vida nos apresenta.  É resgatar nosso poder pessoal, decidindo como agir ao invés de sair distribuindo culpas. A assunção da nossa responsabilidade e a escolha consciente de como agir é o que estabelece a diferença entre a aceitação e a passividade.

 Conhecer a si mesmo: um passo essencial

Estas são apenas algumas das práticas que você pode implementar na sua caminhada rumo ao equilíbrio vital.  É claro que a gestão do traço da alta sensibilidade implica em muito mais do que incorporar estas (ou outras) atividades à sua rotina, mas elas podem significar um ótimo começo de trabalho.

Por outro lado, nunca é demais recordar que além de ser uma PAS você tem um conjunto de características e uma estória de vida que lhe tornam uma pessoa única, diferente de todas as demais, sejam elas PAS ou não. Isso significa que cabe a você encontrar o caminho até o seu ponto de equilíbrio, de uma maneira pessoal e individualizada.   Assim, sendo eu lhe convido a refletir sobre o quanto a sua maneira de viver está contribuindo (ou não) para o seu equilíbrio vital e sobre quais atividades, pessoas, relações, etc., tendem a aproximá-lo(a) ou a afastá-lo(a) dele.

Por fim, eu gostaria de lhe dizer algo que considero importante: Tenho enfatizado ao longo desse artigo que o equilíbrio é algo dinâmico – uma espécie de dança que estabelecemos conosco mesmos e com as circunstâncias de nossa vida.   EquilíbrioNeste movimento, o mais importante é nos mantermos, o máximo de tempo possível, em nosso próprio centro. Não podemos determinar os acontecimentos da vida e sempre poderão acontecer coisas inesperadas e até mesmo dolorosas, capazes de nos desconectar e nos levar para longe do nosso ponto de equilíbrio. O objetivo, porém, é nos tornamos capazes de nos reconectarmos com nosso centro e retornar a este lugar de autoconsciência, a partir do qual nos sentimos em paz sendo, exatamente, quem nós somos. Desejo-lhe sucesso neste aprendizado.

Muito obrigada por me acompanhar.

Beijos e bênçãos,

Rosalira dos Santos
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